Pampilhosa Linda

Espaço de libertação intelectual no âmbito das realidades transcendentes que ultrapassa as amplas margens da ortodoxia, com incursões na antropologia filosófica e na psicognosia, de cariz socio-cultural tenuamente perfumado com poéticas gotículas proeminentemente irónico-macónicas! Bem hajam!!!

segunda-feira, setembro 12, 2005

A mulher de César!


Todas as pessoas eleitas para cargos políticos, têm a responsabilidade de zelar políticamente pelos interesses daqueles que os elegeram, defendendo-os e garantindo que as decisões escolhidas são sempre um contributo que visa a satisfação do todo e que combate os favorecimentos individuais. A opção por um sistema que relegasse as organizações familiares ou religiosas para um papel secundário no aparelho do estado, já era utilizada em sociedades ocidentais há mais de 2500 anos, onde obrigatóriamente se terão que referir os contributos percutores de clístenes e péricles. Tendo desaparecido durante quase 2000 anos, o sistema democrático foi desenterrado nos ultimos séculos vindo a ser progressivamente a opção da grande maioria dos países modernos do ocidente. Tratando-se de um sistema que confia na responsabilidade e livre arbítrio de cada individuo, a democracia é consequentemente permissiva a excessos e abusos por parte dos intervenientes, sendo aconselhável por isso chamar a atenção dos prevaricadores sempre que tal se justifique.
Há cerca de duas semanas durante uma das frequentes incursões que costumo efectuar á parte alta da vila, observei que os dois habituais colaboradores da Junta de Freguesia(cantoneiros?), procediam a mais uma tarefa ao serviço da entidade empregadora, a Junta de Freguesia. Habitual, pensei...
Contudo, passado este tempo, reparo que a obra em execução se tratava de um suporte destinado a albergar um cartaz gigante com menções eleitoralistas a uma conhecida facção política !!!
Rapidamente, um flashback confirmou o pior:os cantoneiros, o "dumper", o presidente a fazer de capataz...
Sendo eu um profundo admirador de filosofías de cariz humanista e renovador, interiorizei a situação com um misto óbvio de tristeza e desalento.
Imaginemos ainda assim, que o "Dumper" e as ferramentas foram alugados à Junta, os cantoneiros foram pagos externamente, o capataz estava no seu tempo livre e que a Camara Municipal foi ressarcida pelo alcatrão arrancado na empreitada...Mesmo assim, mesmo este quadro surrealista sugere um abuso de confiança e uma falta de respeito desajustados em democracía.É como diz o povo: "Á mulher de César não basta ser séria,tem que parecê-lo"!
Bem hajam!!!

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro

O sistema por si só não opera milagres. A Democracia é comummunte aceite no mundo ocidental como arquétipo ideal: zela pelos Direitos Liberdades e Garantias, prevê a separação de poderes e o exercício de fiscalização do mesmo depende, em última instância, de todos nós a quem é dado o direito, o dever e o poder do voto.
Contudo, é e será sempre, uma opção de second best.Não seria óptimo viver num país onde as necessidades básicas estão garantidas, onde não é preciso trabalhar para se ter uma formação superior, onde o sistema de saúde pública funciona de forma exímia, onde os regimes de segurança social são eficientes e para todos, onde a classe política diga verdade por um período de tempo superior à duração da campanha eleitoral... Porra, pá! Uma donzela não deve falar assim, mas revolve-me as entranhas este uso indevido dos dinheiros e dos recursos humanos públicos para fins alheios ao bem comum (á falta de trabalho, fossem limpar as matas!). Com isto só lhe posso dizer que por mais fé que deposite no modelo político, constato que o erro reside na condição humana. O Homem pode ser um animal político, mas não deixa de ser um animal...
Desculpe o desabafo, Randulfes.

15 outubro, 2005 08:51  
Blogger Gonçalo Randulfes said...

É isso Inês , solte o animal que Há em si!

17 outubro, 2005 20:27  

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