Pampilhosa Linda

Espaço de libertação intelectual no âmbito das realidades transcendentes que ultrapassa as amplas margens da ortodoxia, com incursões na antropologia filosófica e na psicognosia, de cariz socio-cultural tenuamente perfumado com poéticas gotículas proeminentemente irónico-macónicas! Bem hajam!!!

domingo, novembro 06, 2005

O Melómano

Todos nós somos possuidores de características, trejeitos ou dons que nos distinguem dos outros. Quando estes se tornam insistentes, ou persistentes, transformam-se num hábito, num estilo, transformando-se numa espécie de imagem de marca! O Melómano, distinto comparsa de longa data, desde cedo se revelou detentor de uma particularidade bastante sui generis que o evidenciava e distinguia dos demais: conseguia (ele achava que conseguia) obter diferentes tipos de som utilizando como ferramenta simplesmente a energia cinética, reaproveitando os excedentes de nitrogénio, dióxido de carbono e metano, manipulando-os de forma a provocar uma deslocação de sentido interior/exterior, desencadeando de seguida uma vibração, que em contacto com a cavidade esfíncteriana, reproduzia o seu efeito sonoro, dependente sempre da coorrespondente velocidade de expulsão! Por outra palavras, detinha uma perspectiva musical muito própria e uma opção instrumental no mínimo...irreverente! Recordo-me que durante a instrução primária (na velha Tomaz da Cruz) ele presenteava os outros miúdos (eu incluído) com um incrível manancial de sons e ruídos (para ele seriam os mais belos acordes jamais tocados por aquele tipo de instrumento) ao mesmo tempo que comia a sua sandes de marmelada, sorrindo triunfantemente quando sentia que uma ou outra nota mais difíceis haviam sido conseguidas. Tudo isto claro está, sem cobrar um tostão! Enquanto a maioria dos miúdos tende a perder alguns vícios ao abandonar a infância, como roer as unhas ou tirar os macacos do nariz, o melómano pelo contrário, parecia constantemente aperfeiçoar a sua arte, entrando na adolescência plenamente consciente de que albergava com ele um dom; aliás, já nos tempos de catequese que procurava chamar a atenção dos colegas e da própria catequista, para a bondade de Deus que simpáticamente o tinha favorecido com um dom especial, agradecendo-Lhe com uma ou outra nota mais melodiosa (certa vez até, com uma composição já bastante elaborada, que arrancou os merecidos "aplausos" da própria catequista! Reencontrei-o quando ingressei nos quadros do escalão junior do Futebol Clube Pampilhosa onde ele ocupava a importantíssima posição de guarda-redes. Por vezes, durante as palestras, ouvíamos em "segundo plano" uns acordezitos dispersos a ponto de um dia o treinador lhe dizer: "tem paciência mas vais ter que fazer uma opção...ou queres música, ou queres futebol! Assim é que não dá!" Desatámos-nos a rir. Nas marcações de canto contra a nossa equipa o jogador adversário, encarregado de estorvar a acção do guarda-redes, só caía no erro uma única vez optanto nas seguintes por dar-lhe um pouco mais de espaço em prol da amizade e do fairplay. Em doze jogos que compunham a nossa série não sofremos um único golo de canto! Certa vez (com o Ribeira da Azenha), após o final do desafio e durante o lanche oferecido, o treinador adversário, em tom meio a brincar meio a sério, disse-nos que "em sete anos de distritais nunca tinha visto um guarda-redes como o vosso". Rimo-nos de novo. No apetecido duche quente no final dos treinos, enquanto uns assobiavam e outros cantavam (e outros ainda tentavam acertar com toalhas molhadas em partes do corpo dos colegas consideradas frágeis), o melómano proporcionava-nos breves e semi-breves, soltava fusas e semi-fusas, bradava colcheias e semi-colcheias (quantas vezes tentou o pobre, sózinho, marcar o compasso...). A faculdade não fizemos juntos, a tropa também não, mas fomos juntos à Inspecção. Lembro-me que à volta para casa no comboio das sete, saturado com tropas que vinham de fim de semana, ele resolveu executar um pequeno trecho alusivo ao evento. Uma senhora próxima, que sossegadamente fazia crochet, ao ouvir tamanho balázio, levantou bruscamente a cabeça num misto de incredulidade e desagrado... Ele cerrou os maxilares e, numa fingida expressão de indignação, disparou: "Cambada de porcos... depois não querem que digam mal da tropa!" A senhora assentiu com a cabeça, agradecida por ainda existirem jovens educados e com bons princípios. Recentemente, em tertúlia com velhos amigos, reencontrei o meu flatulente amigo. A dada altura surpreendi-o com este texto, explicando-lhe o que pretendia fazer com ele. Encostados à velha coluna de pedra, lemos juntos e rimos durante uns bons vinte minutos, recordando animadamente estas e outras situações do antigamente. Disse-me depois que o texto "estava um bocadito exagerado", que "também não era bem assim, mas tudo bem, dava para publicar desde que", claro, "lhe salvaguardasse a identidade" (trata-se de um conhecido quadro de uma multinacional Lisboeta), o que respeitei! Conversa puxa conversa, segredou-nos uma situação que se passara, meia duzia de anos atrás, quando ele tentou o famoso golpe de mestre...a obra-prima! Picado pelo desejo e pelos whiskys da noite anterior, tentou a sua cartada mais alta, tentou alcançar o sublime: Arriscou a Overture das Quatro Estações do Vivaldi no decurso de uma cerimónia nupcial, numa das capelas do Palácio de Queluz! Esqueceu-se porém que estava num templo e que aquele chão preto e branco que pisava era solo sagrado... Da sonoridade abafada à sensação de quente e a subsequente viscosidade a escorrer pelas pernas, foi um ápice! Teve que saír a correr! As calças foram para o balde do lixo, o banco do carro foi esfregado durante dois dias pela moldava lá de casa: "Sinhorr áinda tém cheirro"! "Esfregas outra vez... Esfregas até desaparecer"! Despedimo-nos, com as mãos a tocarem-se e a dizer até breve! Já na rua, enquanto a lua cheia me iluminava um cigarro, pareceu-me ouvir distintamente vindo do interior, o sussurrar de um Mi-bemol, o esplendor de um Sol-maior e o desespero de um Fá sustenido!
Apenas sorri...

13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Hummmmmm!!!!
Não sei porquê mas não me cheira a Randulfes!
Boa tentativa, mas ok, está engraçado!
Por momentos até me lembrei do grande Relvas...

Cumps. ao nosso pessoal

29 outubro, 2005 09:40  
Anonymous Anónimo said...

A circunstância leva-me a transcrever um verso, duma resenha pitoresca decorrida:

"(Velhote)Ouve lá, sofres de gazes?"

29 outubro, 2005 10:25  
Anonymous Anónimo said...

uma estória muito superior à do pianoman.

29 outubro, 2005 10:27  
Anonymous Anónimo said...

Um artista de circo, um trovador?Não, um musico de sopro, de rectro-sopro: eis o melómano! Mas...quem é este melómano?

06 novembro, 2005 01:46  
Anonymous Anónimo said...

Diabo: De que morreste
Parvo: De que samica de caganeira.
Diabo: De que
Parvo: De caga merdeira maa raugem que te dee.
Diabo: Entra, põe aqui o pee.
Parvo: Oulaa, não tombe o zambuco.
Diabo: Entra tolazo enuco que se nos vai a maree

06 novembro, 2005 12:58  
Anonymous Anónimo said...

Velha Fábula em Bossa Nova

"Minuciosa formiga
não tem que se lhe diga:
leva a sua palhinha
asinha, asinha.
Assim devera eu ser
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.
Assim devera eu ser:
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.
Assim devera eu ser
se não fora
não querer.

(-Obrigado,formiga!
Mas a palha não cabe
onde você sabe...)"
A O'N.

Esta é em escala cromática.

06 novembro, 2005 22:49  
Anonymous Anónimo said...

Boa tarde!!!

Ilustres pampilhosenses, perdoe-me mas não resisto a lançar o desafio: alguém se aventura a comentar o grande evento decorrido no sítio da moda na passada 6ª feira???
ehehe


e mais não digo...

Cumps ao nosso pessoal!

07 novembro, 2005 18:03  
Anonymous Anónimo said...

É impossível comentar seja o que for sobre o evento de sexta à noite, ainda me doem os queixos de ter tido a boca aberta tanto tempo!!!!
Boa Randulfes continue, só gostava de saber quem era tão ilustre e sonoro, para não dizer pestilento amigo!!! Aposto que vocês eram amarelinhos na altura...

08 novembro, 2005 18:18  
Anonymous Anónimo said...

Não gostei ...

...

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...

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...


Cheira mal !

08 novembro, 2005 19:17  
Anonymous Anónimo said...

Bom, este melómano era uma figura. Não há dúvida! É de louvar o facto de ter conseguido preservar a sua habilidade, na prática do seu instrumento, intacta durante anos...

ps. relativamente ao evento de sexta cuidado com os comentários: olhem as represálias.

08 novembro, 2005 21:55  
Anonymous Anónimo said...

SIM SENHOR
ESTOU A GRAVAR

09 novembro, 2005 15:03  
Anonymous Anónimo said...

Alienado: Peida inconscientemente.
Apaixonado: Assume o peido da namorada.
Ateu: Peida dentro da igreja.
Atleta: Peida e sai correndo.
Azarado: Peida e o peido sai alto.
Babaca: Peida para ver a cor.
Cara de Pau: Peida e diz "Que cheiro estranho!"
Revoltado: Peida, sente o cheiro e ainda reclama
Cínico: Peida e ainda ri
Cientista: Engarrafa o peido para analisar.
Desastrado: Vai peidar e caga
Detetive: Peida e procura quem peidou.
Educado: Pede licença para peidar.
Egoísta: Peida debaixo do cobertor para cheirar sozinho.
Fingido: Peida e fica serio
Gay: Considera o peido um ventinho gostoso.
Herói: Está com caganeira e ainda consegue peidar.
Hippie: Considera o peido uma manifestação de arte.
Idiota: Peida na hora do almoço e põe a culpa no cachorro.
Indignado: Peida e não se conforma
Curioso: Peida e ascende um fósforo para ver se pega fogo.
Infantil: Peida na água só para fazer bolhinhas.
Infeliz: Pensa que vai peidar e caga na calça.
Inteligente: Peida e sai de perto.
Leproso: Peida e vai buscar o cu na esquina.
Louco: Peida e pensa que levou um tiro.
Malvado: Peida e põe a culpa nas criancinhas
Meteorológico: Peida e diz que foi um trovão.
Músico: Peida em vários tons.
Ninja: Silencioso mas mortal.
Sincero: Peida e confessa que peidou
Oportunista: Aproveita o peido dos outros para soltar o seu
Patriota: Levanta para peidar
Político: Peida e promete que vai cagar
Precavido: Peida aos poucos para evitar cagar
Químico: Peida e analisa o grau de poluente.
Religioso: Peida e vai se confessar.
Sentimental: Peida e suspira
Sensível: Peida e tem a sensação de ter cagado.
Sacana: Peida no grupo e sai de fininho
Turco: Peida de uma vez só para economizar
Viciado: Peida, sente o cheiro e fica doidão
Mentiroso: Peida e nega tudo
Cara de pau2: Peida e fica perguntando quem foi
Descarado: Peida e põe a culpa nos outros
Artista: Ensaia antes de peidar
Delegado: Prende o peido
Ingênuo: Peida sem saber
Convencido: Peida e diz que seu peido e o mais bonito
Filosofo: Peida e diz que "expeliu gazes"
Comodista: Peida sem se mexer
Desconfiado: Peida dentro do ônibus e fica olhando para os lados
Corajoso: Avisa que vai peidar
Liberal: Peida na frente dos outros
Discreto: Peida sem fazer barulho
Tímido: Tem medo de peidar
Frustrado: Peida e não se sente satisfeito
Insensível: Caga nas calcas e pensa que peidou
Sádico: Peida dentro do elevador
Medroso: Peida com medo do barulho
Irresponsável: Esta com diarréia e arrisca um peido
Assassino: Enforca o peido

09 novembro, 2005 20:32  
Anonymous Anónimo said...

Smelly cat,
smelly cat,
what are they feeding you?

21 novembro, 2005 17:26  

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