O menestrel entoa o madrigal

“Bom dia Sr. encenador! Entre, faça favor; sente-se, venha imitar o Horror mas não limpe o sangue da batalha”.
A julgar pelos teus olhos, estava longe de acreditar que fosse sonho, ilusão ou Arte; estava longe de crer que não pensavas como eu. Encontrei-te numa cena: conheci-te no acto seguinte (e lembrar que tudo começou com três inocentes pancadas). Esta febre, este fanatismo…tudo se resume a um certo pai, ao respectivo filho e a um qualquer espírito supostamente santo! Sábios dementes aqueles que escreveram esta peça, este cenário, estas personagens. Meras cópias do passado, cansado, de tantas vezes repetido, esmagado e adulterado. Ah! Como é bom saber que com três trapos nos mascaramos habilmente e nos disfarçamos em máquinas de serviço; e como é terrível sentir que, incongruentemente, obtemos prazer com isso! Não o sente, estimado espectador? Os intervalos são para mim tortura, queda dura no gelo colorido das televisões, nos monótonos fait-divers e na sempre mais próxima página da necrologia, perto do fim; os intervalos são por isso os gritos mais silenciosos da coruja que muito poucos pressentem. Para ti são tudo o que não escrevo: lembra-te que a lã que te embeleza não é tua mas do pastor; toma cuidado pois nem sempre quem te dá sustento te dá um centímetro de Amor. Assim acabarás tu, pobre poema: no fim da oração.
15 Comments:
Que se passa Rand estás muito nostalgico mesmo a cair para a depressão...
Gosto mais dos teus momentos de adrenalina...
Força meu!!!
Caro Randulfes:
A inspiração está muito melancólica! Terá sido do avançar da hora ou das cervejas bebidas no clássico saloon? Admiro quem se exprime desta maneira, tendo ainda 1 dia de trabalho pela frente!!!
Os vicios vêm como passageiros, visitam-nos como hóspedes e ficam como amos.
O que é querem ?!
Apeteceu-me...
Cumprimentos
Mau ! está tudo grosso ou quê ?
vamos lá a atinar ...
mulheres primeiro
homens a seguir
há que chegue para todos !!!
...
não empurrem o balcão !!!
...
irra ... ... !
A prosa poética que nos sugere é a própria antítese de "madrigal". Faz, portanto, uma nova incursão na ironía sentimental contemporânea, recurso que premeia. Faz o meu género.
Tenham juízo.
Caro Randulfes,
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Até já
Parabéns pelo bom gosto.
"Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico.Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente (...)".
Até breve.
Bem, vou tentar hibernar durante(mais) umas curtas e desperdiçadas horas...a inércia exige-me um leito cálido.
E ao anoitecer
e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia
(Al Berto)
"Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!"
Muito agradável...velho Randulfes!
Pudesse eu caro Randulfes...
Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!
Caro,
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Hic... Hic ...
estou completamente embriagado com tanta poesia !
Hic ...
Batido pelos desenganos
no final dos anos volto pra ti ver
de capa e espada herói capitulado
faltoso confesso erros e pecados
que a cerviz de ferro louco dos cometi
na mocidade o perpassar dos dias
a mim foi leve e sem agravar ninguém
pautei minha vida em segmentos breves
na aura perdida da distante infância
que mais nada deve além da vida
e a salvação da alma a Deus
e nada a ninguém mais
perdido andei na noite longa
com porcos pastei bem distante do lar
mil febres me queimaram o peito
te via em sonho a delirar
chegavas como o abrir das flores
silenciosa no jardim
do oitão daquela casa antiga
minh'alma oh amiga
há não canta mais!
São longos dias e bem grande é o tempo
Oh como lamento o estiolado em vão
fui perdulário em gastar dissoluto
em derradeiro canto estrofou Salomão
mas apesar de erros cometidos
em retidão a vida porfiei
vendi meus dias em instâncias medonhas
meu tempo querido numa terra estranha
pra desconhecidos de malévola sanha
que mal davam o pão do suor que lhes dei
rendido antes as vicissitudes
na velhice choro a infância tão feliz
não juntei prata nem ouro
amar ninguém nunca me quis
minhas trovas pequeno tesouro
legado deixo aos filhos meus
e a mim resta a Esperança ainda
minha Noiva já és benvinda
Ó Morte eu vou pra Deus
homenagem a um menestrel de "elomar"
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Reivindicação da arte
A boa, que ao seu amor nada nega
E se lhe entrega com antecipação
Saiba: que não é boa vontade não
Mas talento, o que ele deseja na esfrega.
Mesmo se à velocidade do som
Do sou-tua dela à cópula chega
Não é pressa que o botão dele carrega
Quando às bolas seminais dá vazão.
Se é o amor que primeiro atiça o fogo
Precisa ela depois, para Inverno amparado
De ser dona ainda de um traseiro dotado.
De facto, mais que o fervor no olhar
(Também faz falta) um truque há que usar:
Coxas soberbas, em soberbo jogo.
(Bertold Brecht)
"(...)Tandis que des médailles
D'impérator
Font briller à sa taille
Le bronze et l'or
Le platine lui grave
D'un cercle froid
La marque des esclaves
A chaque doigt(...)"
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