Pampilhosa Linda

Espaço de libertação intelectual no âmbito das realidades transcendentes que ultrapassa as amplas margens da ortodoxia, com incursões na antropologia filosófica e na psicognosia, de cariz socio-cultural tenuamente perfumado com poéticas gotículas proeminentemente irónico-macónicas! Bem hajam!!!

terça-feira, abril 11, 2006

Os Afectos




"Eterno é o labirinto dos afectos, e por isso, estória sem desfecho, esta." *
Estou tranquilamente a auscultar a vida nas horas que por aqui passam. Estou tranquilamente sóbrio a embebedar o futuro. Ofereço um afago ao meu fiel animal e retorno satisfeito à minha tarefa. Estou feliz por conseguir um pouco de paz no buliço do quotidiano que nos esmaga; estou exausto que só eu sei. Ando, contudo, preocupado com a mortalidade dos afectos, essa magnífica invenção dos animais contra a brutalidade natural de Deus. Tomei um Valium e passou-me. Ao fim de algumas horas estava de novo preocupado. É uma questão que valorizo e me consome e creio que não chego lá com os ansiolíticos. Tenho para mim, estimado leitor, que não há na vida nada mais angustiante que ver morrer os afectos que não soubemos cultivar; na sua volatilidade sagaz, no seu misterioso estado incorpóreo, os afectos cristalizam em si toda a ternura e volúpia de animais tão abrutalhados como a Toupeira-das-Índias ou o Gnu da África Austral; e eu gosto disso! Os afectos são, per se, algo de superior: oferecemos, tiramos, não se quantificam, não se qualificam e creio que ainda não são cotados em bolsa. Eu, hoje, sinto que me falta um. Não sei onde ficou nem por onde anda; quem mo tirou? Temo não sabê-lo. Não sei sequer se está arrumado algures num gesto que ficou por dar, numa palavra estupidamente retida. Sei apenas o que sinto e sinto angustiadamente a sua falta. Observo de novo o meu fiel amigo: o seu olhar repleto de ternura pronto para a doçura, pronto para a aventura, retribui-me alguma calma. Estava disposto a, na sua companhia, arrancar porta fora e investir desenfreadamente em dois ou três afectos, investimento a longo prazo; felizmente, creio que ainda não são cotados em bolsa...
* Em "Conto do pequeno Édipo", da autoria de Suleiman Cassamo

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ola Rand , há tanto tempo...
Já tinha saudades ...
este espaço faz-nos falta .
obrigado

12 abril, 2006 15:09  
Anonymous Anónimo said...

Sabia que andavas por aí!
Obrigado!

12 abril, 2006 19:42  
Anonymous Anónimo said...

BEM HAJA

12 abril, 2006 21:05  
Anonymous Anónimo said...

Olha, o Romantismo ainda mexe!...
Pum...
...
...
...
...
...
Foi desta ...


José Sotrocas

15 abril, 2006 05:51  
Anonymous Anónimo said...

Bom Dia Rand!

Acordou das cinzas...

19 abril, 2006 14:21  
Anonymous Anónimo said...

Prezado

OS afectos à semelhança da mais bela flor têm que ser podados, regados, têm que apanhar sol e ser cuidados, sob pena de se perderem.
Talvez não fosse pior se apostasse em investir no capital risco, talvez os dividendos fosses proveitosos e a bolsa saísse do vermelho, fechando a praça em alta! Pense nisso...



"Que dias há que na alma
me tem posto
um não sei quê,
que nasce não sei onde
vem não sei como
e dói não sei porquê"

20 abril, 2006 19:32  

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